sexta-feira, 3 de julho de 2009

Estrangulamento financeiro está a pôr em risco projectos até no Técnico

A situação financeira das universidades portuguesas é "insustentável" e está a colocar em risco projectos de desenvolvimento até no Instituto Superior Técnico (IST), considerada a instituição mais saudável financeiramente, disse hoje o novo presidente do IST.
Em entrevista à agência Lusa, António Cruz Serra, que hoje assume a liderança do Instituto Superior Técnico, afirmou que tem como metas melhorar os índices de empreendedorismo do IST e convencer a classe política de que a situação financeira das universidades portuguesas "é insustentável", principalmente devido às contribuições obrigatórias dos últimos anos para a Caixa Geral de Aposentações (CGA), sem o correspondente reforço orçamental."
Apesar de o IST ser das escolas mais saudáveis do ponto de vista financeiro, o próprio Técnico vai ter dificuldades", disse, salientando que "o orçamento disponível para as universidades desceu 18 por cento nos últimos anos".
O IST recebe 48 milhões de euros do Orçamento de Estado, mas a despesa anual com salários ronda os 56 milhões, pelo que "os salários estão a ser pagos com receitas próprias", disse, salientando que a capacidade que a instituição tinha de investir anualmente 3,5 milhões de euros na qualidade do ensino e instalações "deixou de ser possível devido ao aumento de custos fixos".
"Aquilo que aconteceu foi que o Ministério das Finanças impôs descontos obrigatórios para a CGA de 11 por cento e os aumentos da função pública foram de cerca de sete por cento acumulados e não houve o correspondente reforço orçamental, pelo que quando olhamos para a dotação do ensino superior vemos um valor muito semelhante ao de anos anteriores, mas o que acontece é que as nossas despesas obrigatórias foram aumentadas brutalmente", explicou."
Se estivéssemos a falar de empresas privadas, as universidades já teriam feito despedimentos", sublinhou.
António Cruz Serra quer "convencer o governo e os políticos em geral de que esta situação não é suportável", porque as universidades não podem viver permanentemente de saldos transitados.

Público, na íntegra

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